A cobra vai fumar

Tomo emprestada a frase do presidente Getúlio Vargas ao garantir que seria mais fácil a cobra fumar do que o Brasil entrar na segunda guerra mundial. Entrou. Os soldados mudaram a frase: “a cobra vai fumar”. Nesta segunda-feira as federações da Agricultura e Pecuária, Indústria (Fiemt), do Comércio, dos Dirigentes Lojistas, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), das associações de produtores de Algodão (Ampa), de Soja e Milho (Aprosoja), de Sementes (Aprosmat) e dos Criadores (Acrimat), além do senador José Medeiros e dos deputados estaduais Dilmar Dal Bosco e Guilherme Maluf, resgataram o velho ditado: a cobra vai fumar, em cobranças sobre a governança brasileira e especialmente, cobrança dos 11 parlamentares federais de Mato Grosso. As instituições do setor produtivo querem que eles votem a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Pra se ter idéia da força reunida, a FCDL tem 56 câmaras no interior de Mato Grosso, a Famato 89 sindicatos rurais, a Fiemt 37 sindicatos, a Fecomércio tem 15 sindicatos, e o OAB tem 29 seccionais, a Federação das Associações Comerciais tem 53 associações. A soma dessa representatividade serve pra medir a força econômica ou institucional do encontro realizado na Famato.

Além da representatividade contam muito os depoimentos sobre a economia de Mato Grosso feitos pelos representantes. Todos profundamente insatisfeitos com a gestão federal e preocupados ou constrangidos com a crise econômica que afeta todos os negócios. Os representantes reiteraram o apoio à saída da presidente e expressaram apoio às instituições responsáveis pelo combate à corrupção. Durante a reunião houve vários encaminhamentos dos participantes pelo impeachment. Entre eles foi mencionado um dia de paralisação, movimentos de rua, mobilização nacional de federações, conscientização da sociedade e a formalização de documentos pró-impeachment para serem encaminhados aos poderes constituídos nas esferas municipal, estadual e nacional. Além disso, com a aprovação de todos os representantes das entidades presentes, ficou determinado que a partir do dia 28 de março serão realizadas reuniões, sempre às segundas-feiras, com representantes das classes para discutir encaminhamentos e ações do grupo.

Será elaborado um documento dirigido à sociedade e aos parlamentares federais oficializado o apoio ao impeachment. No próximo artigo virão os números da crise econômica apontados na reunião que justificaram a posição adotada.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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